A morte de um adolescente em uma chacina em um bar na Zona Norte,
confirmada por familiares ao SPTV, elevou para oito o total de mortos
entre a noite de segunda-feira (5) e a madrugada desta terça-feira (6)
em São Paulo. Um dos casos de ataque foi filmado por câmeras de
segurança de um prédio: dois filhos de um ex-policial foram alvo de
disparos. Também no mesmo período, dois ônibus foram atacados por
criminosos na região da Vila Brasilândia e, outro, em Santo André, no
ABC.
Na Vila Brasilândia, região onde ocorreu a maioria dos crimes desta
madrugada, ônibus não circularam nesta manhã. Em uma escola estadual, os
alunos não tiveram aula. Segundo um aviso na portaria, as aulas foram
suspensas por causa de um suposto "toque de recolher".
A Secretaria de Estado da Educação negou que tenha recebido qualquer
comunicado sobre o toque de recolher por parte da Secretaria da
Segurança Pública e informou que as aulas terão que ser repostas.
Nesta tarde, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, irá se reunir
com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira
Pinto, para tratar do apoio do governo federal ao estado.
Em Aracaju, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos
Ayres Britto, convocou nesta manhã uma reunião de emergência com o
presidente do Tribunal de Justiça paulista, Ivan Sartori. Ele cogita
enviar uma delegação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para São
Paulo.
Chacina na Brasilândia
O adolescente Wiliam Machado de Souza, de 13 anos, foi baleado em um
ataque na Rua Alberto Buriti, no Jardim Carombé, na região da Vila
Brasilândia, na noite de segunda. Ele chegou morto ao Hospital Geral de
Taipas, segundo familiares. Wiliam e outros quatro homens estavam em
frente a um bar quando foram atingidos. Quatro morreram e o outro homem
estava internado em estado grave no Hospital Geral do Mandaqui até o
início da tarde desta terça-feira (6).
Ataque contra filhos de ex-PM
Na Rua Ventura Carneiro, no bairro Imirim, na Zona Norte, dois filhos
de um ex-policial das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) foram
atacados. Imagens gravadas pelas câmeras de segurança de um prédio da
via mostram quando um homem desce do táxi armado, fala com o motorista
de um carro preto e atira.
Os disparos atingiram o motorista e o irmão dele, que estava no banco
do passageiro. O motorista Tiago de Sousa Serrão, de 27 anos, morreu no
local e o irmão dele, Diego de Sousa Serrão, de 22 anos, foi socorrido
em estado gravíssimo. Ele está internado no Hospital do Mandaqui. Um
outro passageiro que estava no veículo se escondeu e não foi atingido.
Na Rua Joaquim Afonso de Souza, na região da Vila Brasilândia, também
na Zona Norte, três homens que estavam em uma esquina foram baleados -
dois deles morreram. Os atiradores fugiram.
Ônibus atacados
Na mesma região, criminosos pararam um ônibus lotado, obrigaram os
passageiros a descer e destravaram o freio. O veículo, desgovernado,
subiu em uma calçada e, na Rua Santa Cruz da Conceição, atropelou duas
pessoas - um homem morreu.
Outro grupo parou um outro ônibus e colocou fogo no coletivo a 500
metros da Rua Deputado Cantídio Sampaio. Os passageiros tiveram tempo de
descer e ninguém ficou ferido. Depois de ter dois coletivos destruídos,
a empresa Santa Brígida interrompeu a circulação de cinco linhas de
ônibus que servem a região.
Em Santo André, no ABC, um ônibus também foi incendiado por volta das
22h de terça-feira, na Avenida Queirós Filho. Ninguém se feriu, segundo a
Polícia Militar. De acordo com testemunhas, ao menos três homens
forçaram os passageiros a deixar o veículo e atearam fogo. Eles fugiram
em duas motocicletas.
Reunião
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, irá se reunir na tarde
desta terça-feira com o secretário de segurança pública de São Paulo,
Antônio Ferreira Pinto, no Palácio dos Bandeirantes, na Zona Sul da
capital, para negociar apoio do governo federal ao estado paulista.
O encontro entre as cúpulas de segurança ocorrem após uma série de
acusações trocadas entre o ministro e o secretário estadual. Cardozo
dizia que a União tinha oferecido ajuda para o estado combater a
criminalidade, mas o governo de São Paulo tinha recusado a oferta. Já
Ferreira Pinto afirmava que o governo federal nunca ofereceu apoio e nem
liberou a verba de R$ 148 milhões pleiteados pela secretaria paulista
ao Ministério da Justiça.
Segundo balanço da Secretaria da Segurança Pública, a capital paulista
registra aumento no total de homicídios dolosos. Na capital, este tipo
de crime teve uma alta de 27%, passando de 106 em agosto para 135 em
setembro.
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