Feitas
as contas do Esporte Clube Bahia no ano de 2013, o saldo é positivo. Talvez por
ter subido de elevador para a série A, ele tenha tido tempo de refletir e
decidir se aí chegaria para ser um residente ou para ser um hóspede, alguém que
está "só” de passagem. Ao garantir sua permanência na elite em 2014, o Bahia
tornou-se o time mais estável do Nordeste e, acredite torcedor, estabilidade na
elite dum campeonato com o desenho do Brasileirão é coisa para poucos. Que o
digam o Náutico, o Ceará, o Sport e o Vitória da Bahia. Alguns podem retrucar:
"há três anos que ele luta para não cair”. Verdade, mas, como já foi dito aqui
por Erick Cerqueira, é melhor ficar lutando três anos para não cair do que dois
anos para subir. Além disso, passadas a raiva e a "cabeça quente”, o torcedor
tricolor tem que analisar o resultado final do Bahia neste ano tomando como
referência o que foi este ano para o Clube. O ano foi terrível. A situação
administrativa, que começou a se deteriorar logo no primeiro ano da subida,
tornou-se um caos no primeiro semestre deste ano. Depois disso vieram a
intervenção e, com ela, a inevitável paralisia político-administrativa. O Bahia
estava e permaneceu à deriva. Ainda assim, o time reagiu por algum tempo e
conseguiu acumular pontos que foram decisivos para a permanência na série A.
Obrigado, Anderson e Cristóvão. Obrigado também aos jogadores que – submetidos
a uma situação precária, sem perspectivas e com o vazio de autoridade – não
deixaram o barco afundar. Na hora H, de um jeito ou de outro, reagiram. Portanto,
o torcedor deve avaliar o ano de 2013 lembrando-se deste pano-de-fundo. Que
outro time nordestino teria conseguido sobreviver ao caos a que foi submetido o
Esporte Clube Bahia neste ano? O Bahia lutou para não cair e não caiu. Tudo
conspirou em prol da queda dele, e ele resistiu, deixando para trás
Internacional, Fluminense e Vasco. Antes que os tricolores venham me apedrejar:
estou comemorando por causa apenas do contexto complicadíssimo no qual meu time
teve de atuar. Agora, trata-se de preparar 2014. Quando eu me refiro a preparar
2014, eu me refiro, antes de tudo, a montar um time competente treinado por um
corpo técnico bem capacitado. As frases de efeito como "a diretoria é
democrática”; "o time é da torcida” e etc. não podem servir de justificativa à
incompetência político-administrativa, caso os dirigentes montem um time "meia
boca” treinado por técnicos sem currículo. Coisas do tipo "o time não vai bem,
mas a gestão é democrática e transparente e o clube agora é da torcida” podem
servir como máscara para os espertos e de consolo para os alienados. Assim como
nenhum governo democrático é idêntico ao povo que ele governa, nenhuma direção
eleita por associados (o que não significa democracia) é idêntica à torcida do
clube que ela dirige. Portanto, o torcedor que, com todo direito, apoia a
liderança do momento não pode justificar um eventual fracasso recorrendo ao
argumento de que a direção é a "da” torcida, logo que a responsabilidade pelo
fracasso deve ser compartilhada e que o fracasso em campo é compensado pelo
direito de voto... Em outras palavras, a decisão dos dirigentes do Bahia com
relação ao time que vier a ser montado tem de ser avaliada apenas pelos resultados
obtidos em campo. Em suma, o torcedor que está preocupado com o Tricolor
de Aço, e não apenas com suas próprias "certezas”, devem manter a devida
distância da, e olhar sempre com desconfiança a, diretoria – qualquer
diretoria, mesmo a que ele elegeu –, para vigiá-la e tentar mantê-la sob algum
controle. Dinensen P.S. 1 Mesmo o Bahia deixando um vazio desde a
segunda metade da década de 1990, não houve clube que preenchesse este vazio
nem muito menos que superasse o Bicampeão brasileiro, a acreditar no que
declarou a BBC, a mais respeitável emissora do mundo. Vejam: eu não disse a
mais poderosa, a mais rica, a maior ou a mais influente, eu disse a mais
respeitável. P.S. Para alguns, o Futuro ainda não chegou.
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