Funcionários do supermercado Multi Market e também moradores de um
prédio que fica em cima do estabelecimento, em Irajá, no subúrbio do
Rio, onde uma explosão na manhã desta quarta-feira (31) deixou sete
feridos, denunciaram que há 15 dias estavam sentindo cheiro de gás no
local.
"Não chegamos a falar com a direção nem a gerência, mas o cheiro do gás
na área da padaria sempre foi muito forte e hoje aconteceu essa
tragédia. Foi muita correria, várias pessoas se jogando no chão e com
medo de morrer”, disse o funcionário Alex Silva.
Moradora do bairro há mais de 15 anos, a bancaria Márcia Freire, que
mora no prédio em cima do supermercado, disse que tinha o costume de
comprar pão todos os dias e que já tinha avisado à gerência sobre o odor
de gás. "Eles pagam para ver. Todo o dia que eu vinha comprar pão eu
sentia um cheiro de gás muito forte. Mas não adianta falar. Eles esperam
primeiro acontecer para depois tomar providência”, afirmou.
Muito abalada e emocionada, a mulher do açougueiro Luciano Rodrigues de
Sousa, de 28 anos, um dos feridos na explosão, contou que o marido
estava insatisfeito e queria sair do emprego justamente por causa do
cheiro de gás. "Há mais ou menos 15 dias atrás, ele reclamou comigo que
estava sentindo cheiro de gás e gostaria muito de sair do emprego. Agora
eu estou aqui, nervosa, para saber alguma notícia dele. Mas a única
coisa que me passaram é que ele está entubado e o estado dele é muito
grave", disse a vendedora Daiana Angélica Pereira, de 27 anos.
Pânico e correria
Testemunhas contaram que os funcionários saíram com o corpo em chamas e
com queimaduras. De acordo com o assessor parlamentar Fábio Cunha, o
primeiro a chegar ao local, os funcionários estavam chorando muito.
"Eles me pediram ajuda e gritaram para eu fazer alguma coisa. Foi a
cena trágica. Eu até chorei. Porque é muito ruim você não poder fazer e
ver seus amigos implorando por socorro", disse.
O estabelecimento fica na Estrada Coronel Vieira. Segundo os bombeiros,
o problema teria sido causado por um escapamento de gás na padaria do
estabelecimento. Foram deslocadas ao local três ambulâncias, uma viatura
de água e uma de salvamento.
"Ainda não sabemos a causa da explosão. Estamos aguardando a perícia. O
que aconteceu foi um vazamento de gás e houve também um deslocamento de
ar. Mas temos que saber exatamente onde e o que causou este fenômeno.
Não tem indícios maiores de danos materiais e também estruturais. O
armazenamento era correto. Estava tudo direito e os botijões de gás não
foram atingidos", declarou o tenente coronel Marcelo Leite.
A assessoria dos bombeiros informou, ainda, que quatro vítimas ficaram
bastante queimadas e estão em estado grave, enquanto outras três tiveram
ferimentos mais leves. Os feridos foram levados aos hospitais estaduais
Getúlio Vargas, na Penha, e Carlos Chagas, em Marechal Hermes.
Esquadrão antibombas
De acordo com o inspetor Brito, da Core, o esquadrão antibombas esteve
no local por volta de 10h, como protocolo. "Só viemos para nos reportar
ao comandante do corpo de bombeiros para ver se há algum indício de
artefato explosivo. Mas a princípio, não tem essa possibilidade",
explicou.
O Centro de Operações informou que a Avenida Monsenhor Félix também estavam fechada, até as 9h, no trecho até a Rua Tanabi.
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