Depois de Marcelo Guimarães, agora
chegou à vez do ex-vice-presidente de marketing do Bahia, Sacha Mamede ser
entrevistado pelo Correio da Bahia, onde se explicou , se defendeu das
acusações de que investiu pouco na marca do clube e justificou o pouco investimento
do clube no setor de comunicação. Veja
Sacha, você acha que durante este
período em que você esteve à frente do Bahia a marca do clube foi bem explorada
pelo marketing?
Eu vejo muita gente pensando, e aí
logicamente que me refiro às pessoas que não tem nenhuma profundidade no
assunto, que marketing é vender caneca com a marca do Bahia ou uma camisa
especial e alusiva, etc. Marketing é muito mais que isso. Como o próprio
presidente (destituído, Marcelo Guimarães Filho) sempre falou, eu acho que a
gente poderia melhorar e tem muito a melhorar ainda, mas existem dificuldades
também de prioridade de coisas, que a gente acaba atropelando e comprometendo
de alguma forma o nosso trabalho no final.
O departamento de marketing do clube
tinha um número grande de funcionários?
Não. Era uma equipe pequena. Cinco ou
seis pessoas, no máximo. Isso não é muita gente para um departamento de
comunicação.
Para fazer marketing é necessário que
exista dinheiro para trabalhar. Em algum momento faltou esse apoio financeiro
por parte da direção do Bahia?
Em muitos momentos, sim. Várias
vezes.
Então o motivo da baixa quantidade de ações
promovidas pelo clube se deve a isso?
Em vários momentos, sim. Com certeza.
Se a gente tivesse condição, uma locação como na época em que eu trabalhava na
Rede Bahia, por exemplo, seria mais viável. Quando eu trabalhei nessa empresa,
a gente trabalhava em um setor onde aprovávamos um orçamento no final do ano
para que, no ano seguinte, pudéssemos trabalhar em cima dessa grana....só que a
gente não tinha essa grana.
No Bahia não teve esse equilíbrio
financeiro. Até existia um planejamento, mas não havia uma conta efetiva no
financeiro, com grana destinada ao marketing. O que eu fazia, era o seguinte:
tem que fazer uma revista do Bahia. Eu que tinha que investir até o ganho
institucional do clube, porque a revista obviamente tem que dar resultado.
Institucionalmente, para a marca e para o clube, era interessante ter esse
material, ter uma revista do Bahia, mas em determinados momentos, essa questão
de necessidade e prioridade acaba passando por cima disso. Ficávamos em segundo
plano mesmo.
Se o marketing do Bahia resolvesse
investir na associação em massa, como houve no período da intervenção, isso não
seria uma boa estratégia e uma fonte de receita boa para o clube?
Acredito que sim, mas a gente tinha
algumas amarras em relação a isso, até por questão de o estatuto não permitir
diminuir o valor da joia ou de se abrir o clube como foi feito neste momento.
Isso impossibilitava a gente de expandir mais o número de associados. Além
disso, eu acredito que pelo nosso estado ser muito pobre, isso pode não dar
certo a longo prazo. Eu desejo que o número só cresça, mas quero ver quem vai
ter condição de ficar pagando 40 reais todo mês. Ainda é cedo para avaliar, mas
muita gente se associou em um momento de emoção, de mudança, tudo novo, das
pessoas quererem mudar, mas acho que nosso estado é pobre, nosso torcedor é um
torcedor pobre também, que tem que arranjar grana para ir para o estádio, para
comprar camisa...
E esse torcedor pobre tinha que pagar
R$ 300 reais pela joia...
É, mas eu não tinha poder de mudar
isso.
A Bahia é um estado com quase 9 milhões
de habitantes. Você não acha que entre essas pessoas não existem pelo menos 50
mil torcedores potenciais para pagar a mensalidade regularmente e garantir uma
receita?
Claro que sim. O problema é que, por
exemplo: no programa "Futebol Mundo Melhor", de uma empresa de
bebidas, do qual participamos, eles fizeram um estudo e detectaram que, no
Brasil, a proporção entre número de torcedores e sócios dos clubes é ínfimo,
menos de 2%. Olha o mercado que você tem...é ruim. Claro que o Bahia tem um
potencial de mercado enorme, mas economicamente o nosso torcedor é quebrado e
não tem condições de segurar esses 40 reais mensais, além da grana para ir ao
estádio.
Você falou de uma pesquisa da qual o
Bahia fez parte. Desde a sua chegada ao Bahia, você realizou alguma pesquisa
para conhecer o seu público alvo, para conhecer quem é o torcedor do Bahia e o
que este mercado deseja?
A gente fazia muitas pesquisas, muitas
mesmo. Tudo via internet, Facebook, redes sociais...
Só pela internet? Não existiu pesquisa
feita por uma empresa especializada?
A gente estava na iminência de fazer.
Estávamos pensando em contratar uma empresa para isso, justamente porque
lançamos nosso plano de sócios patrimoniais. Queríamos um instituto de pesquisa
justamente para ter uma visão mais real do que vem pela frente, mas cai de novo
na questão do que era prioridade para o financeiro. Por exemplo, eu chego para
o presidente e digo que precisamos de uma pesquisa que custa "X", mas
tem o salário do jogador para pagar, que é sempre prioridade. A pesquisa acaba
sendo jogada para depois.
Você trabalhava com entretenimento
antes de entrar no mundo do futebol, que era um universo novo profissionalmente
para você...
Não, não era novo. Eu trabalhava com
produção de eventos...
Mas você nunca havia trabalhado com
marketing esportivo...
Eu, em determinado momento em que
trabalhava com entretenimento, enxerguei o futebol como entretenimento muito
mal explorado. Montei um projeto e, através desse projeto, comecei a me inserir
no mercado e comecei a conviver com pessoas que transitam no futebol. A partir
daí, fui me adaptando e ganhando experiência em relação isso. Fonte: futebol Baiano
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